
Na Creative Pack, temos desenvolvido uma tese que conecta os Três Horizontes da Nova Economia — otimização, expansão e transformação — como uma lente prática para repensar o desenvolvimento econômico local. A ideia é simples, mas poderosa: todo território precisa equilibrar o agora, o próximo e o novo.
E o Nobel de Economia de 2025 veio fortalecer essa visão.
“A inovação é um processo social e institucional. O crescimento só acontece quando o conhecimento se traduz em novas formas de produzir e viver.”
Trecho do relatório científico do Nobel 2025
O prêmio deste ano foi concedido a Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt por seus estudos sobre a inovação endógena como motor do crescimento econômico sustentável. Eles demonstram que a inovação não é um fenômeno externo, mas parte central do funcionamento da economia — e que cidades, regiões e países precisam criar as condições institucionais e culturais para inovar, se quiserem crescer de forma consistente.“ inovação é um processo social e institucional. O crescimento só acontece quando o conhecimento se traduz em novas formas de produzir e viver.” Trecho do relatório científi
Três horizontes, um mesmo território
Na nossa leitura, os Três Horizontes da Nova Economia funcionam como um mapa de maturidade para ecossistemas locais:
- Horizonte 1 — Eficiência e Otimização: Modernizar o que já existe. Digitalizar processos, reduzir custos e aumentar produtividade nas cadeias locais — da indústria ao varejo e aos serviços.
- Horizonte 2 — Expansão e Inovação Setorial: Estimular novos produtos e negócios. Fomentar startups regionais e criar sinergia entre empresas, universidades e governos.
- Horizonte 3 — Transformação e Futuro: Desenhar o amanhã. Criar novas cadeias produtivas, incorporar tecnologias emergentes (IA, biotecnologia, energia limpa, economia circular) e desenvolver novos modelos econômicos.
Esses horizontes não são etapas lineares — são camadas coexistentes que precisam ser geridas de forma integrada. E é aqui que o pensamento dos laureados do Nobel ganha força: a inovação deve ser o eixo central da política econômica local, e não apenas um adorno no discurso.
O olhar das indústrias brasileiras — e o papel das cidades na transição da nova economia
O Brasil vive uma mudança estrutural silenciosa. Enquanto as grandes metrópoles se consolidam como polos de tecnologia e serviços avançados, as cidades médias e os territórios industriais começam a se tornar laboratórios vivos da nova economia — lugares onde a inovação aplicada acelera o crescimento local e reconfigura cadeias produtivas tradicionais.
Região Sul:
- Joinville (SC) e Caxias do Sul (RS) avançam no Horizonte 1.
- Digitalizam processos produtivos e automatizam operações industriais.
- Empresas locais adotam inteligência artificial e manufatura avançada para otimizar custos e aumentar competitividade.
Região Sudeste:
- Uberlândia (MG), Ribeirão Preto (SP) e Contagem (MG) evoluem no Horizonte 2.
- Criam sinergias entre startups, universidades e indústrias locais.
- Conectam tecnologia, agroindústria, energia e logística.
- Estão gerando novas cadeias de valor regionais e exportando inovação para o país.
Região Nordeste:
- A transição é mais visível nas indústrias emergentes e sustentáveis.
- Maranhão: com base portuária e industrial, vem se posicionando como um hub de inovação logística e energética, impulsionado por iniciativas como o Hub Livre, que conectam portos, startups e instituições de pesquisa.
- Fortaleza (CE): amplia polos ligados à indústria da saúde e da energia limpa, mostrando como a inovação pode gerar inclusão produtiva e diversificação econômica.
- Recife (PE): com o Porto Digital, segue como referência nacional em inovação aplicada, consolidando o Horizonte 3 — a reinvenção de cidades como plataformas de experimentação tecnológica.
Região Centro-Oeste:
- Campo Grande (MS) e Goiânia (GO) se consolidam como laboratórios da economia agroindustrial inteligente.
- Incorporam IA e dados na rastreabilidade, automação e sustentabilidade da produção.
Região Norte:
- O Pará desponta com o movimento de descarbonização da mineração e da indústria florestal.
- Abre uma nova fronteira verde para o país e um modelo de inovação limpa que inspira o futuro.
Essas transformações mostram que a inovação deixou de ser monopólio das capitais. Ela se espalha como infraestrutura econômica transversal, moldando o futuro das indústrias brasileiras a partir de cada território — de Joinville a São Luís, de Fortaleza a Uberlândia. Cada cidade que compreende seus horizontes — otimizar o agora, expandir o próximo e criar o novo — ganha a chance de definir seu papel na economia global que nasce.
O que o Nobel de 2025 reforça nessa leitura
A mensagem de Mokyr, Aghion e Howitt é inequívoca: crescimento sustentável é fruto de inovação contínua, aplicada e conectada a contextos locais.
Para isso, três pilares são fundamentais:
- Capacidade absorvente local — o quanto um território consegue aprender, adaptar e aplicar inovação.
- Ambiente institucional — redes, políticas e incentivos que sustentam o ciclo de experimentação.
- Cultura de aprendizado e destruição criativa — o processo pelo qual novas ideias substituem o que já não serve, mantendo viva a competitividade.
Esses princípios valem tanto para um país quanto para uma cidade. E é neles que se apoia a nossa tese na Creative Pack: a nova economia nasce onde a inovação encontra o território.
Fontes e referências
- Nobel Prize in Economic Sciences 2025 — The Royal Swedish Academy of Sciences.
- Reuters (2025) — Mokyr, Aghion and Howitt win Nobel for innovation-led growth models.
- Aghion, P. & Howitt, P. (1992) — A Model of Growth through Creative Destruction.
- Mokyr, J. (2005) — The Gifts of Athena: Historical Origins of the Knowledge Economy.
- ENAP (2023) — Índice de Cidades Empreendedoras.
- CNI (2024–2025) — Índice de Inovação dos Estados e Mapas da Indústria Brasileira.
- Creative Pack (2024) — Os Três Horizontes da Nova Economia: Metodologia para o Desenvolvimento Local.
